Marcello Duarte Mathias: “Vi o 25 de abril com muita apreensão. Depois conseguiu-se aquele milagre do 25 de novembro”
O 25 de abril visto a partir da embaixada no Brasil, onde Marcello Duarte Mathias estava colocado. O desalento de José Hermano Saraiva, último embaixador antes da revolução, e a gargalhada do sucessor, Vasco Futscher Pereira. A campanha contra o pai, que tinha sido ministro de Salazar. As abordagens e promessas da CIA para tentar recolher informações. A “burguesia particularmente ignorante” que “não entendeu nada em 1974”. A amargura de Marcello Caetano. Os exilados portugueses no Brasil. A entrada de Mário Soares no Ministério dos Negócios Estrangeiros. E o “milagre” do 25 de novembro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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47:14
Helena Roseta: “No cerco ao Parlamento o PCP tinha frango. Lembro-me de ir ao gabinete deles a cantar ‘Eles comem tudo’”
A alegria libertadora dos abraços a desconhecidos no 1º de Maio e nas filas para votar nas primeiras eleições livres. Os dilemas antes de aderir ao PPD e os boicotes da esquerda aos comícios. As perguntas bizarras nas sessões de esclarecimento em que ensinava como se votava. O plano insensato para defender a sede do PSD no 11 de março, em que adormeceu de cansaço. As discussões épicas e os bastidores dos meses na Assembleia Constituinte, sem receber salário nos primeiros meses. O privilégio de ajudar a escrever a Constituição. E o encontro inesperado com os outros deputados esfomeados no Leitão da Mealhada, depois do cerco ao parlamento, quando iam levar a Constituinte para o Porto.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:15:12
João Van Zeller: “Em Luanda, o fim criou uma inconsciência eufórica. As pessoas ficavam excitadas e faziam grandes disparates”
O medo quando se viu cercado por 20 guerrilheiros do MPLA “muito zangados”. A agitação com a chegada de Rosa Coutinho a Angola. O falhanço das informações americanas. Os encontros com Savimbi e Holden Roberto. A venda do BMW e dos eletrodomésticos para continuar a pagar contas. A máquina que imprimiu notas para pagar 18 mil salários. O milionário com companhias duvidosas. E a vida faustosa sem um tostão no bolso. As memórias incríveis de João Van Zeller dos tempos em que era administrador do Banco Inter-Unido, em Angola.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:15:35
José Gameiro: “No meio da Revolução havia quase sexo ao vivo pelos cantos. Era a libertinagem completa”
O psiquiatra José Gameiro recorda como o 25 de abril mudou os relacionamentos. Separações (incluindo a sua), o ambiente de festa permanente sem ir a casa, a promiscuidade e as trocas de casais, os efeitos inusitados da pornografia nos cinemas. Mas também descreve o ano que passou no Alentejo a viver com um grupo de médicos, os alentejanos que achavam que viviam num “bacanal permanente”, as mulheres que não iam ao ginecologista, as lutas com o PCP, a sua campanha para deputado — e o 25 de novembro com uma pistola a ocupar a vila de Cuba.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:14:53
Toni e o Benfica de 1974/75: “Não devia ter entrado em campo com cartazes a falar da unicidade sindical. Meti a pata na poça”
“Fizemos eleições para capitão. Foi uma novidade. E fui eu o eleito”. Toni, velha glória do Benfica, recorda os jogos com adeptos encostados às balizas; as lutas para criar o sindicato dos jogadores, com Simões, Artur Jorge e Jorge Sampaio; os clubes que pagavam para livrar jogadores da tropa; o assédio dos partidos aos futebolistas; e a saída do estádio numa carrinha militar para fugir à multidão.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Como era a vida quotidiana nos anos de 1974 e 1975? As memórias do vertiginoso dia-a-dia nas várias áreas da sociedade portuguesa durante o PREC. Programa de entrevistas conduzidas por Rui Ramos e Pedro Jorge Castro.